Escolas sendo atacadas, porque? Vereadora Marcela Tenorio

Escolas sendo atacadas, porque? Vereadora Marcela Tenorio.



Mas, afinal, o que explica esse aumento no número de ataques a escolas no Brasil? O que está por trás desse cenário e o que leva alguém a querer atentar contra um colégio? Explicam especialistas.


Nos últimos dias o Brasil assistiu alguns ataques a escolas com vítimas fatais. O massacre na creche de Blumenau, em Santa Catarina, nesta quarta-feira feira (05/04), é o episódio mais recente de uma série de ataques que começou na manhã de 27 de março, quando um estudante de 13 anos matou a facadas uma professora, feriu outras três, além de um aluno, na capital paulista.


Desde então, diariamente são noticiado nos jornais, vários ataques escolas pelo Brasil. A polícia já registrou, em todo o país, dezenas de boletins de ocorrência de ameaças de agressão e denúncias de estudantes armados em escolas. Alguns conseguiram levar os planos adiante.


A repetição de casos com o mesmo padrão após episódios marcantes de violência, segundo especialistas, não tem motivação única. Um dos fatores é o desejo dos agressores de chocar e chamar a atenção.


A inspiração em outros ataques

Em geral, esse comportamento é desencadeado em pessoas que já apresentam algum grau de psicopatia. "Essas situações podem motivar outras pessoas que têm pensamentos e comportamentos semelhantes. Então, quando isso passa a ser noticiado, e quando esse criminoso passa a ter, de certa forma, um certo destaque, pessoas que tendem a ter esse tipo de comportamento podem utilizar como exemplos a serem seguidos", explica a psiquiatra Luciana Farias.


Sobre as investigações, já se sabe que, na turma em que houve a agressão, havia muito bullying entre os alunos, inclusive por meio de aplicativos de mensagens.


Bullying é normal?

A Lei nº 13.185, em vigor desde 2016, classifica o bullying como intimidação sistemática, quando há violência física ou psicológica em atos de humilhação ou discriminação. A classificação também inclui ataques físicos, insultos, ameaças, comentários e apelidos pejorativos, entre outros.


Especialistas, como a professora de psicologia Ciomara Shcneider, psicanalista de crianças e adolescentes, defendem que pais e escola devem estar atentos ao comportamento dos jovens e manter sempre abertos os canais de comunicação com eles. Ao contrário, causa efeitos devastadores em crianças e adolescentes.


O bullying se diferencia das brigas comuns – as que chegam às vias de fato ou as que ficam apenas na discussão. Isso é considerado normal por Ciomara e chega, segundo ela, a fazer parte do desenvolvimento. O problema, afirma, é quando se torna algo rotineiro, em que um jovem ou grupo começa a perseguir um ou mais colegas.


De acordo com a especislista, queda no rendimento escolar, faltas na escola e mudanças no comportamento, são os sinais mais frequentes apresentados por quem sofre esse tipo de violência. Por isso, família e escola devem estar sempre atentos para os sinais que são apresentados pelos jovens. As redes sociais também é um fator de violência.


As redes de ódio na internet

O estudo feito pela Unicamp, traz um perfil de quem são as pessoas responsáveis pelos ataques a escolas no Brasil. A maioria são homens brancos de 10 a 25 anos, que se interessam por armas e atividades violentas e que se conectaram, por meio da internet, a grupos extremistas.


O acesso à internet também é visto por Alexandre Veloso, presidente da Associação de pais e alunos das instituições públicas e privadas do Distrito Federal (Aspa/DF), como um tema sensível e importante na luta contra a violência escolar que deve ser levado à sério pelos pais. 


Isso porque segundo Veloso, os ataques ocorridos mostraram que os agressores mantinham um envolvimento com comunidades extremistas que incentivaram o crime. “Chamamos os pais à responsabilidade para, principalmente, o monitoramento das redes sociais. Com a pandemia houve uma aceleração no acesso à tecnologias e é responsabilidade da família monitorar o uso do celular”, pontua.


“Não existe essa questão de privacidade, intimidade, usada por adolescentes e crianças para não compartilhar o que fazem virtualmente com os pais. Não existe isso, enquanto a criança e o adolescente estiver sobre os cuidados do pai, ele tem sim que conversar e controlar o uso da tecnologia deles”, defende Alexandre. Além dos livros, outro fator primordial e saber o que o filho carrega na mochila.


Verificar as mochilas faz a diferença 


A presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF), Ana Elisa Dumont, concorda que a parceria com a família é a chave para o sucesso no combate à violência. “Temos orientado que as escolas estabeleçam um diálogo com as famílias e as famílias sejam parceiras das escolas. Pq não, as famílias adotarem como medida de prevenção, verificar a mochila dos filhos antes de irem pra escola? Isso já traz uma maior segurança para a instituição, outros alunos, funcionários e colaboradores”, destaca.

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